Qual a sua cor?
- relyjae
- 15 de nov. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 29 de abr. de 2022
“Prevenir é um ato de amor com você, com seu corpo e com todos que te amam”.
(Slogan da campanha de prevenção)

Pensando sobre as campanhas de prevenção à saúde, pergunto-me sobre a escolha das denominações ‘outubro rosa’ e ‘novembro azul’. Não seriam meio clichês ou démodés? Poderiam ter sido mais ousados e criativos, inventando outro tipo de chamada, menos estereotipada do que ‘meninas de rosa’ e ‘meninos de azul’? Longe de querer polemizar, apenas entender. Mas nada como uma pesquisa para descobrir a real origem dos nomes: O Outubro Rosa, surgiu nos EUA, nos anos noventa (Fundação Susan G. Komen for the Cure) (*1), chegando ao Brasil em 2002. E o Novembro Azul, teve origem na Austrália, em 2003, primeiramente com o uso de bigodes e depois com o uso de roupas azuis (Movember Foundation – moustache + november) (*2), chegando ao Brasil em 2008. Portanto, já que assim está posto e tem funcionado muito bem, não temos por que contestar, e sim, seguir as recomendações de prevenção. Melhor para todos os azuis e todas as rosas. Questão de saúde!

Estamos em pleno Novembro Azul, vamos falar nele por ser mais recente e também por que os homens têm mais resistência em aceitar o autocuidado. Questão cultural. Principalmente em se tratando do câncer de próstata, glândula que por fazer parte do aparelho reprodutor masculino, mexe com o imaginário deles. Inevitável que pensem no tão temido e evitado “exame de toque retal”. Apesar de ser um procedimento simples, que vem sendo desmistificado, ainda sofre preconceito. E acaba servindo como desculpa para não procurarem o médico.

Qual o homem que vai de bom grado ao urologista? Qual comenta com o amigo na mesa do bar, que vai consultar? Ao contrário das rosas, que ir ao ginecologista é algo normal e rotineiro. No happy hour entre uma taça e outra, contam tudo às amigas, trocam dicas de seus médicos, de exames e dão risada sobre tudo isso. Imaginem agora um grupo de homens, trocando impressões sobre a ida ao urologista: como foi pra ti? Se um diz que foi fácil, os outros gozam dizendo que ele gostou; se outro diz que foi horrível, chamam de fiasquento, e por aí vai. Então, torna-se um assunto tabu entre eles. Mas não adianta querer negar ou resistir, todos terão que passar por isso depois dos cinquenta anos, conforme manda o protocolo médico.

Quando aconselhados a fazer a prevenção, o que mais falam é que o exame de sangue, que mede o PSA (substância produzida pela próstata), substitui o outro. Puro mecanismo de defesa, não é bem assim. Os especialistas afirmam, que o exame do toque é fundamental e ainda é o mais preciso (*3). Na verdade, por trás desta resistência, esconde-se uma coisa só: o medo da perda da virilidade. Parece que, para eles, isso é questão de vida ou morte, o que não os deixa enxergar mais além. Perdoem-me, homens, mas não sou eu quem diz isto, são as pesquisas. Mas, a vida é bem mais do que isto, e o exame está aí para salvá-la. Sejam mais rosas consigo mesmo, amem-se e cuidem-se. Não deixem de fazer sua revisão, e conversem mais sobre isso com seus amigos, entre uma cerveja e outra, incentivando-os a fazer também .

E sempre é bom lembrar, que independente de opção de gênero, raça ou credo, cada ser é único, com sua própria forma de enfrentar as dificuldades, com sua força ou fragilidade. Sem rótulos de ‘sexo frágil’ e ‘sexo forte’. Cada qual com suas especificidades, mas todos de igual valor.

Enfim, devemos aproveitar o alerta das campanhas, que buscam detectar precocemente as doenças, antes que evoluam e seja tarde demais. O SUS está engajado nesta luta, oferecendo exames e tratamentos gratuitamente para a população. Informe-se. E no caso de ser detectada a doença, não se apavore, busque imediatamente ajuda. Os tratamentos existem e avançaram muito, bem como diminuíram os efeitos colaterais que criaram certos mitos, principalmente entre os homens.
A chamada com as cores mostrou ser eficaz, tanto que se multiplicou, com outras doenças ganhando cor e mês, promovendo a sua prevenção e desvendando tabus (*4).
Seja rosa, azul, amarelo, roxo, vermelho ou preto, o que importa é ficar vivo e bem. Previna-se!
Referências para saber mais:
(*1) Origem do Outubro Rosa:
(*2) Origem do Novembro Azul:
(*3) Mitos e verdades no câncer de próstata: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/mitos-e-verdades-sobre-o-cancer-de-prostata/4451/28/
(*4) As cores das campanhas dos outros meses do ano: http://www.bioanalise.com.br/blog/entenda-o-significado-das-cores-dos-meses-nas-campanhas-de-saude/
Informação com leveza define este texto.