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Passageiros

  • relyjae
  • 28 de mar. de 2021
  • 2 min de leitura

Atualizado: 30 de mai. de 2024

A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos não é o que vemos, senão o que somos.

Fernando Pessoa

 

Pegar uma estrada em um dia ensolarado de outono é um dos prazeres desta vida. Além do clima confortável, temos a paleta de cores em tons pastéis, castanhos, dourados – paisagem que deleita os olhos e acalma a nossa alma. Melhor ainda quando não conhecemos o caminho.


É como assistir um filme, ao vivo, a cada curva uma nova cena – suspense, devir. As casas na beira da estrada, com seus jardins floridos, balanços, crianças brincando, e cachorros latindo – reminiscências que vão e vêm. Os campos com o gado e as plantações; as montanhas e os bosques sob o céu azul – sensação de liberdade e bem-estar.


A chegada a uma cidade desconhecida, com suas praças, igrejas, descobrindo percursos – encantos e desencantos. Cheiros e sabores pairam pelas ruas. Encontros ao acaso, novas caras, outros sotaques – e quem sabe novos amores?

E a viagem continua, passam horas, passam dias (passa boi, passa boiada?), atravessa territórios, ultrapassa fronteiras. Subimos e descemos montanhas – caminhos estreitos, sinuosos, despenhadeiros. Vislumbres. Chegamos e partimos. Onde estamos? Longe ou perto, seguimos na estrada. Road trip, road music, easy rider.

Pontes em arco, longas ou curtas; pontes estaiadas, de um ou dois mastros, altas ou baixas. Viadutos, rótulas e atalhos. Entramos e saímos. Perdidos, paramos e nos amamos. Avistamos o imenso e longínquo horizonte. E seguimos na estrada.


Sai o sol, vem a chuva. Vai chuva, vem o sol. Sopra o vento, traz o frio. Sai o vento, cai a neve. Transmutação – mudança de estação. A paleta muda os tons – vêm os brancos, cinzas, os neutros. E seguimos na estrada, agora pesada, escorregadia, perigosa, bloqueada.


Desbravar. Perseverar. O destino se aproxima, anseios e segredos também. O que diremos, o que faremos?

Somos passageiros nesta longa estrada, nesta curta vida.

Que cada um desfrute do trajeto, seja para onde for, ou com quem for. Que não perca a paisagem, olhe bem a sua volta, entregue-se. Eternize cada vista, cada som e sensação.

Esta é a viagem (a porteira está aberta para quem quiser passar).

Que seja intensa, única e jamais esquecida.

Chegamos! Onde?

2 Comments


marilena de Carvalho Garcia
marilena de Carvalho Garcia
Apr 23, 2021

Oi Gininha! Terminei meu livro e, antes de começar outro, fiquei em dia com tuas lindas crônicas.Das últimas, a que mais me tocou foi a do beija-flor.Adoro crianças e, minha filha médica lá em Doha, trabalha com crianças doentes ,onde faz muitas cirurgias. Isto me dói muito, mas ela consegue separar muito bem, uma coisa da outra pois chega em casa e não fala do que aconteceu no hospital. Mas todas tuas crônicas são lindas! Não sei se consegui gravar meu comentário sobre isto, mas viver em Bagé com vovó Dóca , dinda Lela e meus primos mais velhos foi inesquecível .

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zenidanelon
Apr 05, 2021

Embarquei contigo nessa viagem. Que delícia!!!

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