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O cavalo que queria navegar

  • relyjae
  • 22 de nov. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 29 de abr. de 2022

*Pequena narrativa ficcional para inaugurar uma nova categoria no Blog: Contos.

Este foi um exercício feito na Oficina de textos com a escritora Marina Colasanti, onde deveria usar as palavras barco e cavalo para criar um conto de no máximo 30 linhas.

 

Príncipe era um cavalo pequeno, um petiço, que Pedro ganhou de presente do pai, ao completar seis anos. O menino já sabia montar, mas sempre com alguém no comando das rédeas. Agora ele poderia aprender a cavalgar no seu próprio cavalo. Para encilha-lo, precisava subir num banco, só assim podia alcançar o lombo do animal. Apesar de franzino, era uma criança forte, acostumada na lida do campo.


E logo eles estavam juntos, correndo nas pradarias. A propriedade ficava perto da lagoa dos Patos, tão grande que parecia um mar. Pedro e seu pai gostavam de pescar aos domingos. Possuíam um barco de madeira, daqueles de pescador, não era só uma canoa. Até motor tinha. Eles iam a cavalo até a beira da lagoa, onde o barco ficava atracado, no pequeno trapiche construído pelo seu falecido avô, dono daquelas terras. Deixavam os dois animais à sombra das árvores e saiam a navegar e pescar. Voltavam com alguns peixes, e colocavam nos cestos pendurados nos cavalos. Príncipe já sabia bem o caminho de volta, Pedro nem precisava puxar as rédeas. E assim, nesta parceria cresceram juntos. Conheciam as manhas um do outro.


Pedro, agora adolescente de dezesseis anos, foi estudar na cidade. Todos os finais de semana voltava para casa. Príncipe se alvoroçava quando ouvia o barulho do ônibus chegando em frente à propriedade, trazendo seu parceiro. Sabia que iriam cavalgar e, no domingo, pescar.

Foi nesta época que aconteceu o fato que depois se espalhou por aqueles pagos. Ao chegarem na lagoa para pegar o barco, Pedro arrumava os apetrechos de pesca, quando sentiu um relincho atrás de si. Era o petiço, balançando a cabeça como a dizer algo. Parecia querer ir junto com o rapaz. Um cavalo que queria navegar? Pedro o levou até a beira da lagoa, amarrando as rédeas num dos pilares do trapiche. E voltou para buscar o barco, trazendo-o até a margem e atracando sobre a areia da praia. Entrou na embarcação e assoviou, como sempre fazia para chama-lo no curral. Para sua surpresa, o cavalo foi colocando as patas da frente uma a uma, bem devagar, depois as de trás, até que estava dentro do barco, que balançou, mas manteve-se em equilíbrio. Pedro não quis ligar o motor, pois assustaria o animal. Apenas soltou as amarras e deixou a embarcação flutuar com o movimento das águas. O petiço manteve-se parado, em pé, no centro do barco, que era forte o suficiente para aguentar seu peso. Elegante como um Príncipe. E desta vez, ao invés de cavalgarem nas pradarias, os dois cavalgaram juntos sobre as águas da lagoa...


“A bela Lagoa dos Patos / Oh, verdadeiro tesouro / Lago verde-azul / Que na América do Sul / Deus botou pra bebedouro. (Refrão da música do cantor Helmo de Freitas)



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