Nós e Elas

Elas são tão perfeitas e nós nem sempre percebemos o quanto...

---

Elas são duas, mas valem por bem mais. São parte essencial de nós —insubstituíveis.

Ágeis, multiuso, brutas ou delicadas; podem acariciar ou ferir; pegar ou largar; lutar e defender, fazer a guerra ou a paz. Quando nos conduzem, o fazem em segurança e proteção.

Poderosas, capazes de provocar a cura ou a morte. Trabalham em conjunto ou cada uma por si, conforme a situação. Fazem tarefas simples ou complexas, com habilidade e precisão. Nossa aprendizagem, trabalho e sobrevivência por elas passam e dependem delas.

Na infância, nos ligam aos genitores, mestres e companheiros de brincadeiras. Também nos levam às descobertas. Na adolescência, ajudam nas novas experiências. Na idade adulta, nos afazeres. E na velhice? Voltamos a ser conduzidos por elas, junto a algum ente querido, com afeto até a despedida final.

Unidas, oram a Deus; separadas, blasfemam, protestam; impostadas, nos abençoam, reequilibram. Silenciosas, comunicam-se por sinais, no dia a dia e nas chegadas e partidas. Obedecem ao seu dono, chegando um momento em que não mais — caso extremo. Quentes ou frias, suaves ou rugosas, emanam energia, vibrações. E são reveladoras ao se unirem a outras duas, principalmente no amor.

Ah, no Amor! Nele são protagonistas ao provocar um arrepio que nos toma por inteiro, descompassando o coração. Quantos afagos e quanto prazer são capazes de dar? Entrelaçadas a outras, conectam as emoções e não nos deixam mais sós.

Elas estão eternizadas no afresco de Michelangelo, “A criação de Adão”, no teto da Capela Sistina. Adão leva a sua ainda débil em direção à Deus que lhe estende a sua, para lhe transmitir vida. Insinuando assim o momento da criação que nos deixa em suspense.

Elas, as mãos, quase a se tocarem...