Ele está no meio de nós
- relyjae
- 25 de out. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 29 de abr. de 2022
Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
Adágio popular

Ter medo é algo normal, o problema é quando ele extrapola e não nos deixa viver. Encarcera e nos deixa sem saída. Segundo Aristóteles, a virtude está no meio, entre o muito e o pouco — quanto ao medo, o muito nos levaria à covardia, o pouco, à imprudência.
Com moderação, ele torna-se benéfico, afinal, precisamos dele para nos manter vivos, como nosso aliado e, não, carrasco. Ele é vigilante, nunca dorme, sempre pronto a nos alertar dos perigos.

Quem nunca sentiu aquele frio na barriga e o coração acelerado, antes de alguma apresentação em público? Ou na expectativa de um acontecimento importante? De um encontro amoroso ou uma viagem de avião? Depois de enfrentá-lo vem a recompensa com uma deliciosa sensação de alívio: aquela onda de satisfação e bem estar que nos invade. Depois da adrenalina, a endorfina — quimicamente fantástico.

Somos levados a ter medo desde pequenos, como uma forma de controle. Lembro-me até hoje do velho do saco da história da menininha dos brincos de ouro — toca, toca meu surrão senão te dou com meu bordão...
Era pra gente não sair sozinhos de casa. E nos contos de fada? Todos eles tinham o medo embutido nos personagens malvados, com as bruxas, o Lobo Mau, a madrasta má. Sobrevivemos.

E cá estamos nós, na sociedade moderna, onde o medo tomou novos contornos, novas exigências. Cada um de nós tem a sua coleção e sensibilidade própria, desenvolvidas pelas nossas experiências de vida e herança genética. Só que, hoje, a capacidade de enfrentamento do medo é que dita as regras, do sucesso, ou do fracasso. Quem não consegue suportar as pressões do dia a dia é excluído do mercado de trabalho, da sociedade. É a Lei de Darwin repaginada. Vieram as doenças relacionadas à disfunção do medo: fobias, síndrome do pânico, estresse pós-traumático, transtornos de ansiedade, hipocondria. E com elas, novas estratégias comportamentais para não sucumbirmos e seguirmos sempre evoluindo.

Com a era da informática, chega também o medo virtual, novo desafio, difícil de controlar pelo seu alto poder invasivo: roubo de dados, ameaças nas redes sociais. Ainda estamos aprendendo a lidar com ele, mas já vem causando uma série de danos. Inclusive tem gente com medo da própria tecnologia, tem até nome — tecnofobia.
Enfim, ele está no meio de nós ou estamos cercados por ele. E não adianta se apavorar.
Nosso objetivo será sempre a busca de uma saída, com enfrentamento e superação.

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