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A subida ao Monte Vesúvio

  • relyjae
  • 23 de ago. de 2020
  • 4 min de leitura

Atualizado: 30 de abr. de 2022

Vulcão ativo, localizado junto a baia de Nápoles, no mar Tirreno, sul da Itália, cerca de 9 km a oeste da cidade. Sua altura se modifica a cada erupção, atualmente 1281 metros.

 

Há exatos 1941 anos, no dia vinte e quatro de agosto do ano 79 D.C. o gigante Vesúvio teve sua mais catastrófica erupção. Destruiu as cidades de Pompéia e Herculano que por anos ficaram soterradas mantendo os vestígios da tragédia, onde morreram milhares de habitantes. Somente no século XVIII as escavações desvendaram seus segredos. Plinio, o Jovem, testemunhou a imensa explosão de uma cidade próxima, Misena, descrevendo-a em cartas ao historiador Tacito. Relato único da tragédia. O vulcão é considerado até hoje muito perigoso pelo risco de uma nova erupção.


No seu entorno vivem milhões de pessoas em várias cidades, por isso é um dos vulcões mais monitorados do mundo. Eu não teria esta coragem de viver sob a constante ameaça de um vizinho destes, por mais lindo que seja o panorama. Existem planos de evacuação, mas eles próprios sabem o quanto é complicado, em meio a estradas sinuosas e estreitas.


Também nunca imaginei que alguma vez subiria até o seu topo e ficaria frente a frente a sua imensa cratera. Foi num dia luminoso e ensolarado no final do verão italiano em setembro de 2015. E posso dizer que valeu muito a pena e não foi tão difícil quanto eu pensava. Experiência que gostaria de repetir um dia.



O monte domina a paisagem da região e podemos vê-lo majestoso desde Nápoles e até da península de Sorrento. Não tem como ignorar sua presença, nem a sua história e isso torna a viagem ainda mais instigante. Principalmente fazendo a visita às ruínas de Pompéia logo após a subida para ter toda a dimensão histórica e geográfica.


Alugamos um carro e saímos de Nápoles bem cedo rumo ao Parque Nacional do Vesúvio. Percurso de apenas 30 minutos subindo o monte por uma estradinha em espiral com vistas muito bonitas. O parque é fechado em caso de mau tempo ou de qualquer sinal de movimento sísmico. Lá no topo do monte, o Observatório Vesuviano monitora sua atividade através de vários sensores inclusive dentro da cratera emitindo alertas quando necessário. A estrada termina no estacionamento onde se compra o bilhete de ingresso e dali segue-se somente a pé. Recomendo alugar os bastões de madeira que oferecem na entrada para auxiliar na subida e principalmente na descida, pois o solo de pedras e areia vulcânica se torna escorregadio. Foi de grande valia para eu não sair de joelho esfolado e estragar o passeio.

A trilha é bem segura com proteção de madeira nas beiradas e a subida não é tão íngreme quanto parece. Pode-se subir sozinho ou com o serviço gratuito de guias em vários idiomas que acompanham o trajeto explicando todos os detalhes, o que o torna mais rico e interessante. O tempo de permanência permitido é de 90 minutos, o que dá perfeitamente pra subir e descer desfrutando a beleza e magia deste fantástico vulcano. O percurso costeia o monte e a cratera a nossa esquerda e a direita avista-se a encosta e toda a baía de Nápoles com o mar Tirreno. As vistas são de tirar o fôlego, ou como dizem os italianos, mozzafiato

(mozza = cortar + fiato = fôlego).


Mesmo no verão deve-se levar um casaco, afinal são 1.281 metros acima do nível do mar. Na beira da cratera a temperatura sobe um pouco pelo ar quente que exala.


Ao final da trilha chegamos ao topo do gigante adormecido podendo encarar sua imensa cratera de 600 metros de diâmetro e 300 metros de profundidade e observar sua fumarola a nos lembrar de que pode acordar a qualquer momento. A fumarola é a fumaça que sai de uma de suas frestas e nos causa certo suspense e apreensão, mas confiamos nos sismólogos italianos.


Sua última erupção foi no ano de 1944 durante a Segunda Guerra Mundial, quando a Itália se juntou aos aliados. Não destruiu cidades, mas causou algumas mortes e danificou mais de 80 bombardeiros Mitchell B-25 americanos que estavam estacionados em uma base militar de Pompeia. Perda maior que o ataque sofrido dois meses antes pela força aérea alemã.


Legenda das imagens: na primeira pode-se ver a fumarola saindo de uma das frestas da parede da cratera; na segunda, a vista da Baia de Nápoles lá do topo da trilha; na terceira, um dos trechos da trilha.

E como os italianos são católicos fervorosos não poderia faltar um santo protetor: San Gennaro, padroeiro de Nápoles. A crença popular considera que foi ele quem impediu no ano de 1631, que o vulcão destruísse a cidade. Durante a sua erupção pegaram o busto do santo e o levaram em procissão até a “Ponte della Maddalena” colocando-o de frente para o Vesúvio: a lava parou de avançar. Ele a teria impedido com as próprias mãos.


E assim eles conseguem lidar com o medo e viver as suas vidas normalmente sob a eterna ameaça.


“San Gennaro, stendi la tua destra e tieni lontano, spegni, distruggi le ceneri e le folgori del Vesuvio. Amen”.

[São Januário, estende tua (mão) direita e afaste, apague, destrua as cinzas e os fogos do Vesúvio. Amém].


Legendas das imagens: na primeira, a localização exata do Monte Vesúvio; na segunda, ele visto desde Pompeia de um parreiral no sítio histórico; na terceira, ele visto desde o litoral de Sorrento.

2 Comments


Vilma Reis
Vilma Reis
Aug 24, 2020

Lindas fotos, maravilhosa narrariva...és corajosa,eu não teria coragem de chegar tão perto.

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zenidanelon
Aug 23, 2020

Que experiência fantástica! A tua reportagem faz com que nos sintamos lá. Parabéns pelo apanhado histórico e pelas lindas fotos. Nós circundamos o Vesúvio quando fizemos a Costa Amalfitana, em Agosto de 2017, e até demos uma paradinha em Pompeia, mas não a exploramos completamente porque estava um dia insuportavelmente quente. Também o avistamos de Nápoles. Vou te mandar uma fotinho pelo WhatsApp.

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